Capitalismo Selvagem e Corporações Zumbis no Zumbi Social
O despertar do estado de zumbi social exige mudanças profundas na forma de pensar e agir de todos, visando maximizar o bem-estar da nossa sociedade, sendo de vital importância entender a zumbificação das corporações brasileiras.
O capitalismo
selvagem, dominante no Brasil, é de uma perversidade tamanha que conseguiu
criar uma forma de empreendedorismo técnico e individualista, cujo resultado é
o crescimento de empresas zumbis, bastante divulgadas na imprensa. Contudo, nem
sempre se divulga as corporações zumbis existentes no país, que fortalecem o
zumbi social.
Assim sendo, sempre se divulga as empresas zumbis, oriundas do
empreendedorismo técnico, que reforça as desigualdades sociais e transfere a
responsabilidade do Estado para os indivíduos, mas não se divulga as
verdadeiras empresas ou corporações zumbis, que durante anos são amparadas
pelo governo, consumindo bilhões de recursos públicos antes de fecharem as
portas.
É mais do
que óbvio o crescimento de empresas zumbis num empreendedorismo individualista,
mas precisa-se aprofundar e tornar transparente como as verdadeiras empresas
zumbis, que são muitas, conseguem levar anos se beneficiando de bilhões dos
cofres públicos, deixando o rastro do empobrecimento da sociedade. É este tipo
de corporações ou empresas zumbis que precisam ser estudadas.
Há poucos
dias, uma das maiores corporações canadense e talvez a mais antiga do mundo, fundada
em 1670, fechou as portas – Hudson Bay Company (HBC). Houve até uma certa comoção da sociedade, mas
agora que a imprensa começa a noticiar que a Hudson Bay era uma empresa zumbi,
como várias outras no país, infectando vários setores, a população começa a
entender que esses zumbis são um grande obstáculo para a economia, funcionando
sem transparência.
Embora a
queda repentina da Hudson Bay e de outras empresas brasileira possam chamar a
atenção, não é a queda ou saída, mas sim o destino gradual delas, que deve
servir de alerta para nós. Por muitos anos, a exemplo da Hudson Bay, empresas
brasileiras se tornaram empresas zumbis no Brasil.
Estas
empresas são negócios de baixo desempenho que nunca saem de cena e que
continuam, por anos, a sugarem subsídios do governo. Elas têm dificuldades de
pagar juros e, muitas vezes, tem baixas expectativas de lucratividade futura.
Ao sugarem
tanto capital e talento, as empresas zumbis reduzem a produtividade, o capital
e o crescimento da folha de pagamento de empresas saudáveis. Mais do que nunca,
é importante que órgãos fiscais e contábeis estimem o quanto por cento essas
empresas zumbis reduzem a produtividade agregada no Brasil.
Portanto,
em vez do apelo habitual de apoiar corporações zumbis durante os últimos
desafios econômicos por meio de medidas como redução das taxas de juros e novos
financiamentos, deveríamos fazer de tudo para permitir que estas empresas sejam
levadas a falência e fechadas. Quanto maior for o tempo de permanência delas,
maior o prejuízo social.
O Prêmio
Nobel Daron Acemoglu e outros renomados economistas descobriram que incentivar
ativamente a saída de empresas de baixo desempenho, tributando todas as
operações das empresas, geraria benefícios substanciais para o crescimento e
bem-estar. Isso ocorre porque a saída de empresas zumbis libera trabalhadores
qualificados para migrar para empresas mais produtivas.
Portanto, é
preciso enfrentar o problema das verdadeiras empresas zumbis no Brasil e não
considerar como empresas zumbis apenas aquelas surgidas de um empreendedorismo
individual de nosso capitalismo selvagem, responsável pelo zumbi social, ao
obscurecer ações coletivas para a transformação social.
Neste
cenário surge a “figura preocupante” do zumbi social, ou seja, “um indivíduo
alienado, conformado e incapaz de questionar as estruturas que limitam a
verdadeira meritocracia”. O zumbi social aceita tudo sem questionamento,
acreditando que “aqueles que não prosperaram simplesmente não tentaram o
suficiente”, numa sociedade que favorecem alguns e excluem muitos.
Já foi dito
que a narrativa dominante deste tipo de capitalismo nos ensina que basta o
esforço individual para alcançar o sucesso, sem considerar as barreiras
impostas por uma realidade tão desigual na educação de qualidade, no crédito
para empreendedores e ausência de políticas públicas, que impedem que muitos
consigam prosperar apenas com o esforço individual.
Em texto
anterior mostramos que um dos objetivos do empreendedorismo é enfrentar o status
quo, combatendo as desigualdades sociais em busca da liberdade, da
democracia, da ética, da prosperidade e do bem-estar social. Além disto, no
empreendedorismo é fundamental estimular um pensamento crítico indispensável a
uma mudança de mentalidade, que nos leve a uma análise dos sistemas de poder e
da participação cidadã.
Isto
significa que o despertar do estado de zumbi social exige mudanças profundas na
forma de pensar e agir de todos nós, visando maximizar o bem-estar de nossa sociedade, sendo
de vital importância entender a zumbificação das corporações brasileiras.
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