Capitalismo Selvagem e Corporações Zumbis no Zumbi Social

Fonte: You Tube                                                                                                                                             

 O despertar do estado de zumbi social exige mudanças profundas na forma de pensar e agir de todos, visando maximizar o bem-estar da nossa sociedade, sendo de vital importância  entender a zumbificação das corporações brasileiras.

O capitalismo selvagem, dominante no Brasil, é de uma perversidade tamanha que conseguiu criar uma forma de empreendedorismo técnico e individualista, cujo resultado é o crescimento de empresas zumbis, bastante divulgadas na imprensa. Contudo, nem sempre se divulga as corporações zumbis existentes no país, que fortalecem o zumbi social.  

Assim sendo, sempre se divulga as empresas zumbis, oriundas do empreendedorismo técnico, que reforça as desigualdades sociais e transfere a responsabilidade do Estado para os indivíduos, mas não se divulga as verdadeiras empresas  ou  corporações zumbis, que durante anos são amparadas pelo governo, consumindo bilhões de recursos públicos antes de fecharem as portas.

É mais do que óbvio o crescimento de empresas zumbis num empreendedorismo individualista, mas precisa-se aprofundar e tornar transparente como as verdadeiras empresas zumbis, que são muitas, conseguem levar anos se beneficiando de bilhões dos cofres públicos, deixando o rastro do empobrecimento da sociedade. É este tipo de corporações ou empresas zumbis que precisam ser estudadas.

Há poucos dias, uma das maiores corporações canadense e talvez a mais antiga do mundo, fundada em 1670, fechou as portas – Hudson Bay Company (HBC).  Houve até uma certa comoção da sociedade, mas agora que a imprensa começa a noticiar que a Hudson Bay era uma empresa zumbi, como várias outras no país, infectando vários setores, a população começa a entender que esses zumbis são um grande obstáculo para a economia, funcionando sem transparência.

Embora a queda repentina da Hudson Bay e de outras empresas brasileira possam chamar a atenção, não é a queda ou saída, mas sim o destino gradual delas, que deve servir de alerta para nós. Por muitos anos, a exemplo da Hudson Bay, empresas brasileiras se tornaram empresas zumbis no Brasil.

Estas empresas são negócios de baixo desempenho que nunca saem de cena e que continuam, por anos, a sugarem subsídios do governo. Elas têm dificuldades de pagar juros e, muitas vezes, tem baixas expectativas de lucratividade futura.

Ao sugarem tanto capital e talento, as empresas zumbis reduzem a produtividade, o capital e o crescimento da folha de pagamento de empresas saudáveis. Mais do que nunca, é importante que órgãos fiscais e contábeis estimem o quanto por cento essas empresas zumbis reduzem a produtividade agregada no Brasil.

Portanto, em vez do apelo habitual de apoiar corporações zumbis durante os últimos desafios econômicos por meio de medidas como redução das taxas de juros e novos financiamentos, deveríamos fazer de tudo para permitir que estas empresas sejam levadas a falência e fechadas. Quanto maior for o tempo de permanência delas, maior o prejuízo social.

O Prêmio Nobel Daron Acemoglu e outros renomados economistas descobriram que incentivar ativamente a saída de empresas de baixo desempenho, tributando todas as operações das empresas, geraria benefícios substanciais para o crescimento e bem-estar. Isso ocorre porque a saída de empresas zumbis libera trabalhadores qualificados para migrar para empresas mais produtivas.

Portanto, é preciso enfrentar o problema das verdadeiras empresas zumbis no Brasil e não considerar como empresas zumbis apenas aquelas surgidas de um empreendedorismo individual de nosso capitalismo selvagem, responsável pelo zumbi social, ao obscurecer ações coletivas para a transformação social.

Neste cenário surge a “figura preocupante” do zumbi social, ou seja, “um indivíduo alienado, conformado e incapaz de questionar as estruturas que limitam a verdadeira meritocracia”. O zumbi social aceita tudo sem questionamento, acreditando que “aqueles que não prosperaram simplesmente não tentaram o suficiente”, numa sociedade que favorecem alguns e excluem muitos.

Já foi dito que a narrativa dominante deste tipo de capitalismo nos ensina que basta o esforço individual para alcançar o sucesso, sem considerar as barreiras impostas por uma realidade tão desigual na educação de qualidade, no crédito para empreendedores e ausência de políticas públicas, que impedem que muitos consigam prosperar apenas com o esforço individual.

Em texto anterior mostramos que um dos objetivos do empreendedorismo é enfrentar o status quo, combatendo as desigualdades sociais em busca da liberdade, da democracia, da ética, da prosperidade e do bem-estar social. Além disto, no empreendedorismo é fundamental estimular um pensamento crítico indispensável a uma mudança de mentalidade, que nos leve a uma análise dos sistemas de poder e da participação cidadã.

Isto significa que o despertar do estado de zumbi social exige mudanças profundas na forma de pensar e agir de todos nós, visando maximizar o bem-estar de nossa sociedade, sendo de vital importância entender a zumbificação das corporações brasileiras.

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